Por todos os caminhos que se possa trilhar na educação é indiscutível a importância exercida pela Educação Infantil no desenvolvimento global do ser humano tenha ele ou não deficiência. As principais teorias do desenvolvimento e da aprendizagem enfatizam a infância como o período em que o indivíduo se organiza no mundo. Todos os educadores de alunos com deficiência concordam hoje que sua solicitação deve se iniciar desde a mais tenra idade.
Trazer esse ensaio sobre a educação da criança com deficiência, mais especificamente da criança com deficiência mental, para dentro da discussão sobre a “Educação da criança de 0 a 6 anos” manifesta minha concepção de que a criança com deficiência mental é antes de tudo “criança”.
Por Educação Inclusiva, segundo Batista (2006), entende-se o processo de qualquer aluno independente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, lingüísticas ou outras, serem recebidos em todas as escolas. A escola deve incluir a todos, reconhecer a diversidade, não ter preconceitos contra as diferenças, deve atender as necessidades de cada um.
UM ESTUDO DE CASO REAL: CRIANÇA COM PARALISIA CEREBRAL EM SALA DE AULA
D.G.S está com 5 anos de idade frequentando a turma de Jardim B de uma escola de educação infantil. Mora com sua mãe e avós maternas, seu pai já é falecido. Sua mãe é estudantes. D.G.S. iniciou na escola na turma de maternal aos três anos, ela frequenta a escola e em dias marcados, a escola de educação especial Lucena Borges e AACD a fim de ter atendimento especializado.
Na escola, em seu período de adaptação chorava bastante, contudo ao passar dos dias foi se socializando com os colegas. Cabe comentar que tem alguns amigos pelos quais ela tem preferência. Aceita brincar sozinha, cuida bem dos brinquedos e tenta organizá-los, bem como divide com os colegas quando estão brincando com ela. Seu relacionamento com os colegas é recíproco, pois demonstra integração e parceria e, os colegas por sua vez querem ajudá-la. D.G. S expressa suas emoções e sentimentos através do sorriso e de balbucios. Ainda não aprendeu a ler e escrever, mas aprecia jogos com letras e, é muito esforçada e tem interesse pelas mesmas coisas que os colegas. Apesar de sua coordenação motora fina e ampla estar sendo estimulada, já se percebe evolução em termos postura na cadeira de rodas, mantendo equilibrada, o que até então não conseguia, tenta empurrar a cadeira de roda sozinha, às vezes come sozinha e faz seus trabalhinhos sozinha, sem precisar que auxiliem sua mão na apreensão do instrumento para tal.
Em casa, brinca sozinha no quarto, gosta de assistir TV. Dorme com a mãe. A família mostra-se interessada com o caso e busca alternativas para sua efetivação enquanto avanços significativos para seu pleno desenvolvimento. Mãe relata que as vezes chora sem motivo aparente.
Dados da história vital: D.G.S nasceu de parto normal. Mamou até um ano e quatro meses. Já com seis meses comia frutas e com oito meses alimentava-se com comida. Por volta dos cinco meses conseguiu sentar. Chorava muito durante os primeiros meses de vida. Ainda, atualmente com cinco anos D.G. S usa fraldas e, a partir de um trabalho em parceira entre escola – professora especializada e família estão estimulando-a à retirada da mesma. Aos seis a mãe percebeu alguma dificuldade física e motor da criança, a levou no pediatra, que de fato constatou através de acompanhamento e análises que a criança possuía paralisia cerebral. A partir de então, efetivara-se uma busca constante para que D.G. S desenvolva-se paralelamente a uma pessoa dita norma, dentro de suas especificidades.
A importância da parceria escola-familia:
O papel dos pais
Dar amor e apoio - as crianças com necessidades especiais precisam de amor e apoio de seus pais, assim como qualquer criança. Algumas vezes, os pais ficam tão absorvidos pela necessidade de estimular seu filho e compensar sua deficiência que acabam esquecendo que a tarefa mais importante é amá-lo e gostar dele como ser humano. Quando uma criança vê que seus pais gostam de estar com ela, ela aumenta o valor que dá a si própria. Esse sentimento crescente de valor é uma medida importante do sucesso dos pais em criar uma criança com necessidade especial.
Estimule a independência - se você tem uma criança com necessidades especiais, seus objetivos são estimular a independência e ajudar seu filho a desenvolver um sentimento de valor e realização pessoal. Com terapia e jogos, você ajuda o seu filho a lidar com seu problema e realizar seu potencial completo. A quantidade de independência de seu filho vai depender, bastante, não apenas de qual necessidade especial ele possui, mas como você o deixa realizar sozinho cada estágio.
Todas as crianças passam por momentos em que parecem parar de melhorar ou quando podem até regredir um pouco. Esse pode ser um momento especialmente difícil para os pais, pois têm que aprender a avaliar o progresso de seu filho.
Concentre-se em objetivos em curto prazo - quando seu filho atingir um platô (estagnar seu desenvolvimento) olhe para trás e se concentre no quanto ele já progrediu. Este também pode ser um bom momento para esquecer objetivos em longo prazo e se concentrar nos objetivos em curto prazo: alimentar-se com as mãos, vestir-se, repetir a primeira palavra ou frase inteligível ou finalmente ir ao banheiro sozinho. Quando os pais concentram suas energias em um único objetivo em curto prazo, uma criança com necessidade especial pode começar a progredir novamente. Ao parar de observar como a criança lida com esses desafios, como se adapta a novas e maiores necessidades, os pais podem se ajudar a desenvolver expectativas realistas para seus filhos.
As crianças progridem mais quando os pais agem como seus advogados, escolhendo os métodos educacionais mais apropriados, definindo objetivos razoáveis e fornecendo um ambiente caloroso e protetor. Os pais deveriam enxergar a si próprios como parceiros dos profissionais na hora de planejar os cuidados de seus filhos com necessidades espaciais.
Estimulando o potencial de desenvolvimento
A partir do momento em que nascem as crianças começam a aprender sobre o mundo ao seu redor. Elas aprendem através de seus movimentos e dos cinco sentidos. Quando um ou mais desses sentidos são danificados, a maneira como a criança vê o mundo é alterada e sua habilidade de aprender se altera. Mas com os avanços na medicina, tecnologia e nossa compreensão sobre como os bebês crescem e aprendem, podemos esperar desenvolvimento mental e físico muito maior de crianças com necessidades especiais do que imaginávamos há uma década. O tamanho desse desenvolvimento depende da extensão da sua limitação, quão breve ela foi diagnosticada corretamente e o quão rapidamente a criança é colocada em um ambiente de estímulos apropriados. Crianças com limitações mentais, por exemplo, precisam de estímulos freqüentes e consistentes devido às suas dificuldades de concentração e memória. Elas também podem ter dificuldades de percepção que tornam difícil compreender o que está acontecendo ao redor e o motivo dessas coisas.
O papel da escola
O cotidiano da escola regular é muito mais rico e imprevisível do que o da escola especial. Nessa, o sujeito vivencia situações onde precisa resolver problemas, agir como os ditos ‘normais’; fatos esses que ocorrem no contexto escolar: recreio, sala de aula, a própria convivência com a comunidade. Já na escola especial, o cotidiano, como evidencia a referida autora é mais previsível, menos rico, superprotetor em função das características da clientela, porém, dependendo do agravo da deficiência, muitas vezes é necessário que ele esteja envolvido nessa superproteção e inserido na escola especial. Cabe ressaltar que cada caso é um caso e que o importante é a criança portadora de necessidades especiais estarem NA ESCOLA.
É no convívio com os outros na escola, que o ‘deficiente’ encontrará desafios e meios para solucioná-los.
Neste processo, cabe ao professor e à escola, reconhecer as diferenças. Havendo o reconhecimento de tais diferenças, supõe-se que é preciso trabalhar respeitando essas diferenças e se necessário promover um trabalho diferente. A autora (2004, p.220) afirma: “Compreender a diferença da criança e proporcionar-lhe o atendimento necessário, vai auxiliá-la a permanecer na escola, ou seja, está incluindo”.
Outra contribuição para esse campo em discussão é a intervenção precoce. A Dra. Lydia F. Coriat, considerada uma das percussoras na área da Estimulação Precoce (que se deu entre as décadas de 60 e 70) iniciou um trabalho com crianças com problemas de desenvolvimento, o atendimento era voltado para o recém-nascido. Estudos esses, fundamentados nas descobertas da genética, na maturação neurológica precoce e na psicologia. Logo em seguida, foram acrescidos os conhecimentos psicanalíticos.
A estimulação precoce é uma prática clínica que tem como objetivo atender o bebê com problemas de desenvolvimento, buscando apoiá-lo em seu desenvolvimento, não com a preocupação de consertar um corpo, mas possibilitar a construção de um lugar como sujeito, pertencente a uma família. Construção esta, que só é possível resgatando a relação mãe-filho, que fica conturbada com o nascimento de um filho diferente daquele sonhado.
A estimulação precoce vem trazer novas possibilidades para a pessoa com necessidades educacionais especiais. Tal estimulação precoce proporciona engates para o desenvolvimento da criança como um todo e, deve ser iniciado no âmbito familiar e continuada na creche ou escolinha.
brincadeiras são uma importante forma de aprendizado para todas as crianças. As crianças com necessidades especiais que não podem se movimentar para explorar sozinhas ainda têm a possibilidade de aprender sobre os arredores ao viajar com a família. Dentro de casa, ela pode ser carregada ou guiada de um cômodo a outro para tocar, sentir, ver, cheirar ou ouvir vários objetos. Crianças cegas podem usar suas mãos, rostos, pés e outras partes de seus corpos para explorar e aprender. E as surdas precisam de estímulos de linguagem constantes e, como todas as crianças, precisam ouvir explicações sobre o que está acontecendo ao seu redor. Figuras em livros e revistas são outra forma de expor essas crianças a lugares, pessoas, animais e formas de vida fora de seu círculo comum.
O Brincar
Brinquedos dão outro meio de compreender nossos corpos e o mundo. Crianças com necessidades especiais podem ter problemas para usar brinquedos convencionais, mas os pais podem adaptá-los às necessidades deles ou criar brinquedos apropriados. Muitas comunidades possuem brinquedotecas que funcionam como recurso para fornecer brinquedos projetados ou selecionados especialmente para crianças com necessidades especiais.
É importante um diálogo claro e sensível com os colegas sobre quem é o colega especial que possuem, suas características e assim estimular o respeito, a solidariedade e a integração do grupo como um todo.
Veja o vídeo abaixo onde o Maurício de Sousa nos mostra que isso é possivel de maneira lúdica e criativa.
segunda-feira, 8 de agosto de 2011
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